quinta-feira, 12 de novembro de 2009

O Trabalho Imaterial e a Empresa Pós Industrial

Apontei no post de setembro a importância do consumidor e da estratégia da empresa pós industrial no tratamento da informação com este consumidor. Neste post, pretendo elaborar um pouco mais sobre a empresa pós industrial e o conceito de trabalho imaterial.

Assim pergunto: o que caracterizaria empresa pós-industrial? Respondo: o consumidor intervir de maneira ativa na constituição do produto ou serviço, tornando-os uma construção e um processo social de concepção e de inovação. Inaugura-se, aqui, uma norma de produção dos serviços dificultando o antigo estabelecimento de uma medida “objetiva” da produtividade. Essa integração do consumo na produção é denominada pelos brilhantes filósofos italianos: Lazzarato e Negri, de trabalho imaterial. Ou seja, aquele que ativa e organiza a relação produção/consumo. Essa ativação é materializada dentro e por meio do processo comunicativo. É o trabalho que inova continuamente as formas e condições da comunicação. Dá molde e materializa as necessidades, o imaginário e os gostos do consumidor.

Uma particularidade da mercadoria produzida por esse trabalho está no fato de que ela não se destrói no ato de consumo, mas alarga, transforma, cria o ambiente ideológico e cultural do consumidor. Assim, produz acima de tudo uma relação social (uma relação social de inovação, de produção, de consumo). Nesse contorno de produção de relação social, a “matéria-prima” do trabalho imaterial é a subjetividade e o “ambiente ideológico” na qual a subjetividade vive e se reproduz. Um exemplo é o site de relacionamento Orkut, como observado por Amstel (site usabilidoido): “existe algo nele que faz as pessoas entrarem num estado mental de completa imersão na atividade”. Pode-se afirmar que não é apenas o que existe no orkut, mas o que “existe” na pessoa que faz com que ela entre nesse estado mental? Seria a possibilidade de fluir e (re)elaborar a subjetividade num ambiente on line compartilhado?

Enfim, a Internet é de fato um típico modelo desse ambiente ideológico de produção imaterial. Desde o seu surgimento e desenvolvimento a Internet gestou novas estratificações da realidade, novos modelos de ver, de sentir, de relacionar. O e-commerce, essa forma de transação comercial global, em que vende e compra-se qualquer mercadoria ou serviço de qualquer parte do mundo, com despesa operacional reduzida, maior facilidade, rapidez e eficiência é um exemplo específico de uma nova estratificação da realidade, com novos modos de perceber e se relacionar. O comércio por meio eletrônico fomenta a maneira pela qual a sociedade e as organizações percebem a atividade comercial: o consumidor é o foco, ele é quem dita as regras do consumo. Portanto é imperativo a qualquer estratrégia on line que se busque com esta ponta final - o consumidor, como ele navega, quais modos operatórios, tomadas de decisão e de resolução de problemas, bem como quais seus gostos, desejos, seu imaginário. Enfim, além da usabilidade é mister direcionar a estratégia para a uma produção de relação social com o consumidor e se possível, deste com outros consumidores ou mesmo com outros atores deste ambiente ideológico.